Hitopadesá


A coleção de fábulas intitulada Hitopadesa constitui um dos livros mais conhecidos e amplamente traduzidos da literatura hindu. Trata-se de uma coletânea de apólogos e fábulas escritas em prosa e ilustradas com inúmeras máximas e aforismos em verso; ambos combinados - prosa e verso - destinam-se a transmitir a sabedoria e a conduta ética para os assuntos políticos. Produzido em uma linguagem simples e elegante, o Hitopadesa também pode ser visto como um modelo de composição e retórica, características estas que tornaram a obra popular entre os estudantes de sânscrito desde a sua divulgação na Europa até os dias mais recentes. O mais antigo manuscrito do Hitopadesa, descoberto no Nepal, remonta ao ano 1373. Além disso, a coletânea apresenta citações que podem ser encontradas no tratado político Nitisara, de Kamandaki e na peça Venisamhara, trabalho atribuído a Bhattanarayana. Do primeiro, cerca de 90 versos aparecem no Hitopadesa, a maior parte deles distribuídos no terceiro e quarto livro da coletânea. São versos que tratam especialmente de política, diplomacia, guerra e paz. Levando-se em consideração as duas obras, alguns pesquisadores calculam o surgimento do Hitopadesa em seu formato atual entre os anos de 800 a 950 d. C., ou pouco mais de mil anos atrás.

Gostaríamos de agradecer às muitas pessoas - pesquisadores, docentes e discentes - que contribuíram para a realização desta edição genética do Hitopadesa. Primeiramente, todos os membros do NUPROC da UFSC, que, com tanto entusiasmo, afinco e paixão, levaram adiante nesses dez anos o grande desafio de estudar a vasta e complexa produção intelectual do Imperador. Em modo específico, gostaríamos aqui de destacar o papel fundamental de Rosane de Souza, que, de forma autônoma, em 2010 foi a Petrópolis para começar a desvendar esse mistério do Dom Pedro II tradutor. Em segundo lugar, gostaríamos de destacar a meticulosidade e seriedade do Prof. Adriano Mafra na tarefa de transcrever todos os fólios das traduções do Hitopadesa do Imperador, auxiliado nisso pelo Prof. Sergio Romanelli. Um muito obrigado aos dois bolsistas CNPq que finalizaram a organização dos documentos para a edição genético- digital, Jorge Manoel Nunes da Silva Filho e João Vitor Furtado Aguiar. Um agradecimento especial a toda a equipe do Arquivo Histórico do Museu Imperial, onde fomos sempre muito bem recebidos, que tanto nos auxiliou em nossas pesquisas nesses dez anos, especificamente Neide Costa, Alessandra Fraguas, Maria de Fátima Moraes Argon da Matta e o diretor do Museu, Prof. Maurício Vicente Ferreira Júnior. Agradecemos também a Universiteit Antwerpen pelo apoio ao projeto desde o início com bolsas a nossos pesquisadores e a assinatura de um acordo internacional encabeçado pela Profa. Christiane Stallaert que muito ajudou na troca de informações, bibliogra a, pesquisadores e conhecimento. Nosso agradecimento final e maior vai ao CNPq, por ter financiado a pesquisa e a publicação deste livro.


A edição genético-digital do Hitopadesa



Finalmente, apresentamos a edição genética11 da tradução inédita do livro Hitopadesa, compilação de contos e apólogos escritos originalmente em sânscrito e traduzidos para o português por Dom Pedro II. A obra em questão está dividida em quatro partes. A tradução do monarca é um trabalho parcial e compreende as duas primeiras seções da obra, Mitralabha (Aquisição dos amigos) e Suhridbheda (Desunião dos amigos), além de ter ele traduzido as páginas nais da última parte do livro, intitulada Sandhi (Reconciliação/Paz).

Do Mitralabha, Dom Pedro traduziu, além do enredo principal, as seguintes histórias: - O tigre e o viadante; - O veado, o chacal e o corvo; - O abutre, o gato e as aves; - História de Hiranyaka; - O homem velho e sua mulher moça.

Da segunda parte da obra (Suhridbheda), o Imperador traduziu a história principal e as seguintes fábulas secundárias: - O macaco e a cunha; - O burro e o cão; - O leão, o rato e o gato; - A medianeira e a sineta; - As aventuras de Kandarpaketu, da mensageira e do mercador; - A vaqueira e os seus dois amantes; - O casal de corvos e a serpente; - O leão e o coelho.

O Hitopadesa apresenta também um prólogo atribuído ao autor da edição, Narayana, e é nesse momento que Visnusarman, um dos narradores da história, é apresentado como o tutor dos lhos do rei e começa a contar as fábulas. Dom Pedro II traduziu também o referido prólogo. Nas páginas que seguem, o leitor terá acesso aos manuscritos tradutórios de Dom Pedro II em cópia digital ladeados pelas transcrições em modalidade diplomática do material autógrafo do Imperador.

Os manuscritos de tradução de Dom Pedro II, armazenados no Arquivo Histórico do Museu Imperial de Petrópolis (MIMP), estão catalogados e numerados em maços e, por comporem cadernos, seguem uma paginação em ordem crescente e sequencial. De acordo com a classificação do MIMP, os manuscritos da primeira seção do Hitopadesa pertencem ao Maço 29, Documento 1040, Catálogo B. Recebem ainda os códigos D01 e D02, que correspondem ao número dos cadernos. O caderno D01 contém 31 páginas de tradução feitas a próprio punho pelo Imperador, enquanto o caderno D02 totaliza 18 páginas de manuscritos do Hitopadesa. Ambos os cadernos estão arquivados no MIMP junto aos estudos de hebraico do monarca. Já os manuscritos da segunda seção do Hitopadesa estão catalogados como Maço 041, Documento 1064, Catálogo B e a indicação D02 referente ao número do caderno. A partir daí, as páginas são numeradas de 01 a 39 (P 01, P 02 etc.). Este caderno está guardado junto aos estudos de árabe de Dom Pedro II. O registro dos cadernos da primeira parte da tradução de Dom Pedro não obedece a ordem cronológica de escritura, já que o material indicado como D01, que logicamente deveria ser o primeiro, contém a sequência da tradução que foi iniciada em D02. Além disso, as páginas 1 e 2 do segundo caderno - numeração atribuída durante a catalogação do MIMP - são, na verdade, frente e verso da última folha do caderno. Como o material já está desgastado e não possui mais capa, a última folha foi deslocada para a frente do bloco, daí a sua numeração como páginas 1 e 2. Nesta folha, o monarca abandonou por um momento a primeira seção da obra para se dedicar ao último capítulo do livro. No segundo caderno, ele retoma a primeira parte do Hitopadesa. As traduções constantes no Maço 29 foram produzidas ainda no Brasil.

Dom Pedro II não atribuiu aos seus manuscritos uma paginação própria, talvez pelo fato de os documentos não terem sido escritos em folhas soltas, mas sim em cadernos, seguindo-se a linearidade de suas páginas. Para fins desta edição genética, optamos por manter a catalogação proposta pelo Arquivo Histórico do MIMP, em que cada folha corresponde ao que em pesquisa genética se denomina fólio. A numeração de maço e documento também foi mantida, no entanto, acrescentamos apenas o número do fólio, que vai de F01 a F45, obedecendo à cronologia da tradução. Dessa forma, a quarta seção do livro, que pela sequência das histórias seria a última a aparecer, aqui interromperá a primeira parte da tradução e indicará o final do caderno D02 e a passagem para o D01. O primeiro manuscrito receberá a indicação completa: Maço 29 - Doc. 1040 Cat B [D02 P03] F01, em que os números entre colchetes correspondem, respectivamente, ao número do caderno e da página, seguidos do número de cada fólio. Os demais receberão apenas a numeração final até se iniciar o próximo caderno, com sua catalogação completa: [D02 P04] F01v, [D02 P05] F02, [D02 P06] F02v etc. A letra v indica o verso do fólio.

Após a (re)classificação dos documentos, passamos à fase de deciframento e transcrição do material selecionado, já que a classificação genética não pode ser feita com sucesso sem uma análise integral dos documentos. O deciframento é a etapa do trabalho genético que permite comparar, detalhadamente, os diferentes estados de escritura de um mesmo trecho da obra. São, portanto, classificação e deciframento, duas operações indissociáveis que devem ser realizadas na integralidade do material manuscrito e constituem, para Biasi (2010), a essência da investigação da genética textual. Para que ocorra o deciframento dos manuscritos, é necessário que haja a transcrição dos fólios, preservando-se ao máximo as características autógrafas dos rascunhos, sobretudo no que se refere às rasuras e acréscimos presentes no documento. Essas intervenções, normalmente inseridas nas entrelinhas e nas margens das páginas, devem ser incorporadas fielmente nas transcrições o tanto quanto for possível. Biasi (2010) acredita que, para se transcreverem manuscritos de redação, é imprescindível que sejam salientadas as marcas próprias do documento autógrafo, restituindo-se uma imagem tão fiel quanto possível das rasuras e acréscimos e suas posições no suporte material (entrelinhas e marginália). Considerando as palavras do autor, decidimos utilizar a transcrição diplomática por ser a modalidade que mais se preocupa em se manter tão próxima quanto possível do documento autógrafo.

Segundo Biasi (2010, p. 91), a edição de manuscritos, "na sua forma mais especificamente genética", consiste na publicação das camadas de escritura que correspondem à fase redacional do prototexto, observando-se para isso sua ordem cronológica. O objetivo da edição genética não está centrado na publicação de uma obra textual , mas consiste na edição do que se encontra aquém dela, justamente o labor do escritor, "um certo estado inacabado ou ainda virtual" da escritura (BIASI, 2010, p. 91) que é descartado no processo editorial de publicação. Para Grésillon (2007), essa vertente de trabalho genético pressupõe uma edição que apresenta, de maneira exaustiva e em ordem cronológica de sua aparição, os rastros de uma gênese.

O interesse da edição genética em salientar os fenômenos de escritura encontra aí um grande obstáculo: em qual ordem devem ser publicados os documentos de processo? Para respeitar a coerência das intervenções genéticas, Biasi (2010) propõe que as diferentes camadas de escritura devam ser encaixadas umas nas outras, e, por mais paradoxal que pareça, somente as tecnologias digitais têm resolvido os problemas impostos pela proliferação e complexidade lógica dos registros em papel. Se coube à Crítica Genética a tarefa de dar legitimidade "ao projeto de editar e interpretar os manuscritos literários visando elucidar, de dentro do trabalho do escritor, o processo de escritura e a gênese das obras" (BIASI, 2010, p. 93), sem que se atribuísse ao texto dito final um status privilegiado, os manuscritos tradutórios de Dom Pedro II, aqui entendidos como portadores da criação e da circulação, possibilitam discussões acerca do papel dessa tradução em ao menos dois aspectos: o primeiro deles, na vida do homem de letras e tradutor Pedro d'Alcântara; o segundo, no cenário do Brasil de fins do século XIX.

Os diários e as trocas epistolares do Imperador atestam seu interesse e inclinação ao estudo das línguas. Esses documentos arquivísticos revelam o perfil de um estudioso moderno que quer levar para o mundo "civilizado" seu país "iletrado", que ainda não tinha uma tradição literária consolidada. A posição de liderança de Dom Pedro II - Imperador literato - é evidente quando se considera a identidade que ele assume durante suas viagens pela Europa. O monarca procura ser visto e aceito como um cidadão literato moderno, simplesmente chamando a si mesmo de Pedro d'Alcântara, sem fazer uso de qualquer sinal distintivo imperial. Dom Pedro costuma se valer das insígnias imperiais apenas em território nacional. Além de alinhar-se ao cânone literário ocidental em suas tentativas de criar uma literatura nacional e uma identidade para a jovem nação, o Imperador também está tentando integrar a oralidade e a tradição indígena de seu país.

A edição dos manuscritos tradutórios da coletânea em sânscrito denominada Hitopadesa pode ser categorizada como horizontal. Tal modalidade de edição se ocupa dos rascunhos da obra não como portadores de um encadeamento ou de um processo de escritura, mas como uma versão, isto é, uma estruturação redacional em que o autor trabalha em um manuscrito único. Segundo Biasi (2010, p. 98), as edições horizontais de uma obra inédita, como é o caso da tradução imperial, podem produzir três tipos de projeto editorial, que variam de acordo com o grau de adiantamento redacional do manuscrito. Um deles corresponde aos "rascunhos ou documentos desigualmente adiantados, inacabados e deixados em estado de construção". Trata-se de uma "gênese interrompida onde tudo indica que esses manuscritos constituíam para o autor o projeto de um conjunto coerente, mas sem que nenhum gesto pré-editorial permitisse saber em qual forma precisa a obra deveria agrupá-los" (BIASI, 2010, p. 98).

Os manuscritos de tradução do Hitopadesa apresentam uma única campanha de escritura, o que impossibilita a verticalidade das várias peças de um dossiê de gênese que possam indicar momentos distintos das fases de escritura. Não há outras versões desse trabalho, tampouco a obra foi editada e publicada. O conjunto de manuscritos dessa tradução, anômalo, apresenta todas as campanhas de escritura no próprio corpo do texto, ou seja, a composição, por ser quase sempre em jorro, apresenta intervenções/correções imediatas e interpolações que perpassam todos os fólios. Seria possível afirmar, então, que as "camadas" de escritura provenientes de versões sucessivas do mesmo trabalho - alterações, inserções, cancelamentos e correções gerais de uma versão a outra - dividem a topografia de um mesmo fólio, o que facilitou, de certa forma, a constituição dos dossiês genéticos, a organização do prototexto e, principalmente, a edição genética aqui descrita, bem como sua posterior interpretação e análise. Neste estudo, não apresentamos uma edição genética em seu sentido clássico, mas uma versão também anômala, como os manuscritos de tradução que ela representa. Os pesquisadores em Crítica Genética bem sabem que ler um manuscrito, mesmo transcrito, é bem diferente da leitura de um romance, por exemplo. A edição genética, nas discussões de Grésillon (2007, p. 250), precisa ser um documento que "facilite a decifração e que [...] sirva de matéria primeira para investigações e interpretações". Por isso, as cópias digitais dos manuscritos acompanham a transcrição de cada fólio correspondente.

Para que ocorra o deciframento dos manuscritos, é necessário que haja a transcrição dos fólios preservando-se ao máximo as características autógrafas dos rascunhos, sobretudo no que se refere às rasuras e aos acréscimos presentes no documento. Essas intervenções, normalmente inseridas nas entrelinhas e nas margens das páginas, devem ser incorporadas fielmente pelo pesquisador nas transcrições, tanto quanto for possível. Desta forma, escolheu-se realizar a transcrição diplomática dos manuscritos do Hitopadesa.

A edição dos manuscritos tradutórios do Hitopadesa foi realizada de acordo com algumas etapas. Organizado o dossiê de pesquisa e definido o prototexto, cada fólio foi digitado no Microso Word em fonte Courier New, tamanho 12 e entrelinhamento simples. A escolha da fonte se deu, sobretudo, pelo fato de Courier ser do tipo Monospace, contrapondo-se aos modelos de fontes proporcionais. Isso garante aos seus caracteres a mesma largura e, por conseguinte, melhor legibilidade nos trechos em que há interpolações entre as linhas ou inscrições nas margens do papel, geralmente escritas em "arco" e comprimidas para se ajustar ao tamanho da folha, técnica bastante empregada pelo monarca. A fonte ainda apresenta um subconjunto de caracteres especiais que permitiu reconstituir também as palavras grafadas em outros idiomas presentes em muitos fólios, especialmente em grego, hebraico e em árabe. Importante mencionar que nem todas as fontes disponíveis no processador de texto contam com esse complemento. Ainda no Microso Word, utilizamos as linhas do conjunto "formas" para reproduzir as marcas de rasura, indicar a complementação, inserção ou substituição de palavras e restituir outros elementos presentes em cada fólio.

A etapa seguinte se deu no Inkscape, software de edição de gráficos vetorizados que possibilitou reproduzir os movimentos de escritura do monarca em sua totalidade, especialmente as alterações provenientes das campanhas de correção, as sentenças escritas tanto em sentido ascendente quanto descendente em relação à pauta do caderno e as palavras encaixadas nas margens da folha. O Inkscape não só tornou possível a proposta de transcrição diplomática do prototexto estudado, mas garantiu também uma maior legibilidade do conteúdo dos manuscritos tradutórios de Dom Pedro II. A complexidade inerente ao objeto de estudo, dada a sua materialidade, ao ser representada a partir dos muitos códigos e símbolos provenientes de outras modalidades de transcrição, de fato, poderia tornar a leitura e interpretação um tanto quanto caóticas. Ademais, não teríamos esse "panorama" das especificidades do corpus ao ter contato apenas com transcrições em que há muitos códigos para representar a materialidade desenvolvida nas páginas do papel.

A proposta de edição genética dos manuscritos de Dom Pedro II teve continuidade e o objetivo estava centrado em torná-los disponíveis para todos os pesquisadores no ambiente virtual, além de na edição impressa. A partir da edição genética proposta por Mafra (2015), o segundo passo do projeto foi a organização e renomeação dos arquivos das transcrições disponibilizadas pelo pesquisador, em uma preparação para a etapa subsequente. Após uma revisão geral de todas as transcrições, as páginas começaram a ser alinhadas com os manuscritos autógrafos de Dom Pedro II em um processo de sobreposição. O Inkscape novamente foi utilizado nesse processo. Procuramos consultoria para auxiliar os pesquisadores nessa interface entre Crítica Genética e ambiente digital, mas sem muito êxito em um primeiro momento. Porém, com a ajuda da ferramenta de buscas do Google e alguns conhecimentos gerais de Informática, os pesquisadores João Vitor Furtado Aguiar e Jorge Manoel Nunes da Silva Filho (bolsistas PIBIC/CNPq) conseguiram realizar a sobreposição dos manuscritos autógrafos com as transcrições de uma maneira que esses materiais pudessem ser disponibilizados on-line. Um acordo firmado entre o Núcleo de Estudo de Processos Criativos (NUPROC) e o Museu Imperial de Petrópolis possibilitou a disponibilização do material aqui apresentado também em meio digital.

Nas páginas a seguir, apresentamos ao leitor, com muito orgulho, a edição genética do Hitopadesa, fruto de longas pesquisas em torno da figura liminar de Dom Pedro II.

Sergio Romanelli Christiane Stallaert Adriano Mafra

Março 2020


Referências bibliográficas
BIASI, Pierre-Marc. A genética dos textos. Tradução: Marie-Hélène Paret Passos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010

.GRÉSILLON, Almuth. Elementos de Crítica Genética: Ler os Manuscritos Modernos. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2007.


Esse projeto tem liberação do uso de imagens pelo Museu Imperial. Museu Imperial/Ibram/Ministério do turismo/n° 03/2020.